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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Matemática multiplica desafios de estudantes

> Estado de Minas, 02/12/2010 - Belo Horizonte MG
Matemática multiplica desafios de estudantes
Glória Tupinambás
Estudantes brasileiros em geral e mineiros em particular precisam de recuperação urgente quando o assunto é desempenho em matemática no ensino médio. Pesquisa divulgada ontem pelo movimento Todos pela Educação revela que mais de oito em cada 10 estudantes de Minas (84,8%) chegam ao último ano da educação básica com domínio dos números e contas abaixo do recomendável. Na rede pública de ensino, o cenário é ainda mais preocupante: 90,4% dos alunos que concluem o ensino médio estão abaixo das metas. Os números de Minas seguem a tendência do Brasil, que enfrenta uma realidade desafiadora. Nenhum estado atingiu as metas de aprendizagem em português e matemática para todos os níveis de ensino. No caso da matemática do 3º ano do ensino médio, 89% dos jovens do país estão abaixo da média esperada.

Os dados fazem parte de relatório do movimento Todos pela Educação, que criou cinco metas de acesso e qualidade no Brasil e acompanha os resultados periodicamente. Entre os indicadores analisados estão o acesso de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos à escola, alfabetização até 8 anos de idade, aprendizado adequado à série, conclusão dos estudos na idade correta e financiamento público da educação. Uma das metas estabelece que, até 2022, pelo menos 70% dos estudantes deverão aprender o que é essencial para a sua série. Mas a entidade alerta: se o Brasil mantiver o ritmo atual, essa meta só será atingida em 2050.

O pior é que as metas sequer são muito ousadas. No caso da aprendizagem em português e matemática, o Todos pela Educação considera aceitável um desempenho de 60% nas avaliações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a cada dois anos pelo governo federal em escolas públicas e particulares. De acordo com esses patamares, a pesquisa divulgada ontem revela que o Brasil não atingiu os objetivos estabelecidos para o português apenas nos anos iniciais do ensino fundamental. No caso da matemática, o país ainda deixa a desejar nas séries finais do nível fundamental e no 3º ano do ensino médio.

Nas salas de aula, estudantes fazem coro à pesquisa e muitos apelidam a matemática de “bicho de sete cabeças”. David Felipe dos Reis, de 19 anos, que concluiu o ensino médio na rede pública no ano passado, faz parte do time dos que sofrem com as dificuldades no aprendizado das fórmulas e equações no ensino médio e agora enfrenta as consequências na disputa por uma vaga de agronomia em universidades. “Matemática é meu tormento. Cheguei a pegar recuperação no início do ensino médio. Quando saí da escola, achei que tinha um conhecimento bom, mas, na hora do vestibular, eu vi que não estou nada bem”, lamenta. Bárbara da Gama, de 19, também enumera os problemas. “Nunca gostei de matemática e, por isso, acho que nunca me interessei em aprender muito. O pior é que o mau desempenho na matéria se transforma numa bola de neve e prejudica outras disciplinas que dependem de cálculos, como a física e a química.”

Segundo o conselheiro do Todos pela Educação Mozart Neves Ramos, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), o ensino médio merece atenção especial por ser o elo entre o ensino básico, as universidades e o mercado de trabalho. “Falta uma identidade a essa etapa da educação no Brasil. O currículo escolar não é atraente, o jovem não encontra uma escola que caiba na sua vida e faltam professores capacitados. Minas é um retrato do país, ambos com um ensino médio estagnado e com qualidade muito baixa”, explica Mozart. Entre as possíveis soluções para o problema, ele aponta investimentos na escola em tempo integral, inovações na grade de disciplinas oferecidas e valorização dos profissionais da educação.

RECURSOS Outro dado interessante da pesquisa diz respeito aos investimentos e gestão de recursos na área da educação. Minas gastou R$ 2.445 por aluno da educação básica, em 2009, valor abaixo da média nacional (R$ 2.948). O montante faz do estado o 13º em despesas com o ensino, atrás do Distrito Federal, com R$ 4.834 aplicados per capita, Roraima, Amapá, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Acre e Amapá, entre outros. Mas um ponto curioso é que, apesar de investir menos, os mineiros atingiram, nas avaliações, desempenho semelhante ao do Distrito Federal. “Minas investe quase a metade do DF, mas faz melhor gestão dos recursos. O estado faz um trabalho exemplar na alfabetização, mas ainda precisa vencer o desafio de aproveitar os ganhos na base para garantir resultados sustentáveis ao longo de toda a educação básica”, conclui Mozart. A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou que o orçamento da pasta é composto por pelo menos 25% da arrecadação de Minas e que o estado não recebe complementação de verbas do governo federal. Para comentar o resultado das avaliações de desempenho, a SEE indicou a diretora do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Lina Kátia Mesquita, mas a especialista não foi localizada pelo Estado de Minas.

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